Teste Voge SR4 Max – Uma descendente natural
Ensaio realizado por Alfonso Sanchéz – Solomoto
Tocos somos capazes de reconhecer certos rasgos familiares nesta scooter recém chegada, já que a sua silhueta rapidamente nos faz pensar em outro modelo, este coroado por supostas hélices germânicas. No entanto, na sua natureza mais íntima respira ares orientais, apesar dos progenitores serem os mesmos. A Voge SR4 Max é suposta ser a reinterpretação da scooter de média cilindrada pelas mãos do gigante chinês, Loncin.
No entanto, a condição de “descendente natural” não restringe em absoluto as qualidade intrínsecas de este modelo. Antes pelo contrário, a sombra do recém chegado poderia inclusivamente eclipsar os modelos bávaros reinantes.
Uma ilustre descendente
A nossa Voge SR4 Max nasce da união legítima, da marca europeia e do gigante asiático, embora neste caso lhe tenha sido dada o apelido de Voge, seguindo uma linha própria, sem perder no entanto, o ar de parente próximo.
Esperávamos com alguma curiosidade a chegada desta scooter ao mercado, desde que foi apresentada no Salão de Milão de 2021, razão pela qual, num período de mais de um ano, acabou por nos aumentar ainda mais a expectativa.
A tempestade que nos aguardava em Valência no dia da apresentação impediu-nos de realizar um teste mais rigoroso, num cenário com condições mais secas, no entanto pudemos constatar como a SR4 se comporta face às condições mais agrestes. E diga-se de passagem que não comportou nada mal.
Uma scooter bem equipada
Nestas condições e a “dançarmos” à chuva, a nova scooter Voge demonstrou boas qualidades, deixando claro que quando a situação se complica é capaz de responder de forma solvente.
As primeiras impressões impactam-nos pelas generosas dimensões do modelo, graças a uma distância entre eixos de 1.565mm e a um estilo que se situa a meio caminho entre os dois modelos da BMW. Não tão turística como a 400 GT da casa bávara nem tão desportiva como a versão X da mesma scooter alemã.
A Voge SR4 Max segue o seu próprio caminho, como se de uma GT Sport se tratasse, com pormenores como as amplas plataformas para o piloto e o pendura, um assento com dois níveis e apoio lombar para o primeiro e umas cómodas pegas para o segundo se segurar.
No entanto não se conforma com apenas isso. Oferece também um écran frontal ajustável em duas posições ( embora sejam necessárias ferramentas ), iluminação total em LED com intermitentes sequenciais e luz de travão de emergência ( que se activa com demasiada facilidade ). A tudo isto há que somar dois compartimentos dianteiros para pequenos objectos, nos quais encontramos uma tomada de 12 V e uma ficha USB para carregamentos rápidos.
Com uma capacidade ampla
Em termos de ergonomia a Voge SR4 oferece uma enorme liberdade de movimentos, que nos permite colocar as pernas esticadas ou encolhidas, de acordo com a nossa preferência no momento. Também a altura do assento é de apenas 761 mm, permitindo-nos alcançar com enorme facilidade o asfalto com os dois pés ( independentemente da nossa estatura ). O triângulo formado pelo guiador, o assento e as plataformas permite-nos adoptar uma posição cómoda e descontraída.
O peso também não supõe ser problema pois com os seus 214 Kg ( com depósito cheio ) a Voge move-se em manobras parada com enorme facilidade. Com uma distribuição de massas bem centrada e um centro de gravidade baixo, colocar a SR4 no descanso central é muito fácil e não falta um descanso central, bem colocado, para aquelas paragens mais rápidas e pontuais.
E não é tudo, pois a Voge SR4 Max ainda esconde mais qualidades que nos surpreendem a nível de equipamento. Para tirar partido do enorme écran TFT de informação que dispõe a SR4 Max oferece monitorização em tempo real da pressão dos pneus e, surpreendam-se, uma câmara de vídeo montada na parte frontal, entre o écran parabrisas e o farol dianteiro.
Não se trata apenas de preço
Com tudo isto certamente que muitos de vós já estais a querer saber um tema inevitável: Se esta Voge partilha mecânica e ciclística com as BMW C 400, como é que a marca chinesa se posiciona no mercado face às scooters germânicas ?
- Pois muito facilmente , não o fazendo, pois não é esse o seu objectivo
De facto quem é cliente BMW seguramente não irá contemplar outra opção, no entanto, quem procure uma scooter de média cilindrada encontrará na SR4 da Voge uma opção muito atractiva a um preço muito competitivo, sendo o seu PVP é de 6.659.- euros, estando disponível nas opções cromáticas preto e branco.
O cliente que procura prestígio associado à marca não se importará de pagar mais 2.000 euros pela sua scooter BMW, no entanto aqueles que estejam mais focados numa opção fiável, cómoda e eficaz, provavelmente verão totalmente cobertas as suas expectativas com a Voge SR4 Max.
Semelhanças mecânicas
A mecânica é exactamente a mesma que que foi desenvolvida na colaboração entre a BMW e a Loncin para as scooters C 400 da primeira. Motor mono cilíndrico de 349,8 cc, com SOHC e 4 válvulas, com injecção eletrónica e refrigeração líquida. A sua potência alcança os 34 CV sendo que o mais destacado é a forma como os entrega, suave e progressivamente.
Quando lhe dás ao botão do motor de arranque, situado como na maioria das motos, no punho direito, o motor arranca de imediato e à primeira sem soluçar e sem vibrações, mantendo a mesma sensação de ausência de vibrações em todos os regimes de rotação. Estamos perante uma scooter que opta por uma excelente entrega de potência desde os baixos regimes em deterioro da velocidade de ponta, proporcionando arranques fantásticos, exenta de vibrações e com um nível de ruído muito contido e respeituoso.
Ágil e de resposta rápida nos primeiros passos em cidade
As qualidades atrás referidas são especialmente apreciadas quando rodamos em cidade, uma realidade onde a SR4 se move com especial á vontade. Ágil e cómoda, a SR4 aproveita a resposta rápida do seu motor para conjugá-la com a agilidade da sua ciclística e proporcionar um desempenho que é referência em ambiente urbano.
Superada com sucesso esta primeira experiência, apesar do tempo não estar a melhorar, saímos de Valência à procura de estradas mais abertas. O tempo não mostrava clemência e muitas vezes tínhamos a sensação que navegávamos entre correntes de ribeiros, tal era a intensidade da chuva que se abatia sobre a estrada. Isso sim, serviu para testar a nobreza da ciclística da SR4 Max.
E não apenas as qualidades do seu chassi mas também o equilíbrio global do conjunto, onde suspensões e pneus Pirelli Angel, garantem uma condução com uma enorme solvência. A estrutura principal do quadro, que alterna entre tubos de aço de secção redonda e de secção rectangular, em conjunto com as suspensão dianteira da KYB de 35 mm e 112mm de curso, e com os amortecedores duplos traseiros da mesma marca, com 127mm de curso, proporcionam uma combinação equilibrada de comodidade e eficácia.
Segura e descontraída face à agressividade dos elementos
Praticamente a surfar sobre o asfalto e totalmente encharcado, a um ritmo que superava largamente os três dígitos, a SR4 Max mantinha uma estabilidade surpreendente. No entanto pudemos comprovar que a velocidade máxima não é um ponto de destaque deste modelo, sendo muito mais divertida em estradas reviradas de montanha onde a sua rápida resposta e capacidade de aceleração a fazem destacar de uma forma brilhante. Por certo, entre curvas a rápida resposta de motor nunca foi problema pois era compensada pela excelente e discreta intervenção do Controle de Tração, realidade que se encarregou de evitar alguns percalços face às condições em que nos encontrávamos a rodar.
E foi precisamente pela agressividade dos elementos em que testámos a SR4 Max que pudemos apreciar o equilíbrio impecável de todo o conjunto, a admitir mudanças bruscas de direção de forma precisa apesar do maus estado das condições do piso. Aqui temos também que fazer referência à travagem. O conjunto de discos da J.Juan garantiu enorme eficiência, com potência e tacto dosificáveis que, combinados com o ABS de dois canais, proporcionavam uma enorme eficácia e segurança na travagem. E nesta realidade há que destacar também o bom comportamento dos pneus Pirelli Angel Scooter, um aliado perfeito ao desempenho dos travões, tendo em conta as condições precárias que nos foram impostas durante o teste realizado. Um conjunto que nos transmitiu um enorme grau de confiança durante todo o percurso.
Conclusão
No fim da jornada a conclusão não poderia ser outra, a Voge SR4 Max conta com qualidades mais do que suficientes para estar à altura, até mesmo superar, as suas irmãs germanas, mantendo-se o dilema sobre a sua origem geneológica… um descendência mais do que natural.
Ficha técnica Voge SR4 Max
Motor tipo: | Monocilíndrico 4T, SOHC, LC, 4V |
Diâmetro x curso: | 80 x 69,6 mm |
Cilindrada: | 349,8 c.c. |
Potência máxima: | 34 CV @ 7.500 rpm |
Binário máximo: | 35 Nm @ 6.000 rpm |
Alimentação: | Injecção electrónica |
Emissões de CO2: | 84 g/km |
Caixa: | Variador automático CVT |
Embraiagem: | Centrífuga a seco |
Transmissão secundária: | Correia trapezoidal |
Tipo chassi: | Tubular em aço |
Suspenssão dianteira: | Kayaba de 35 mm com 112 mm de curso |
Suspensão traseira: | Duplo amortecedor Kayaba com 127 mm de curso |
Travão dianteiro: | 2 discos J.Juan de 265 mm con pinças radiais de 4 pistonsS Continental |
Travão traseiro: | Disco J.Juan de 265 mm com pinça de um pistón e ABS Continental |
Pneus: | 120/70-15 e 150/70-14 – Pirelli Angel Scooter |
Distância entre eixos: | 1.565 mm |
Altura assento: | 761 mm |
Peso depósito cheio: | 214 kg |
Depósito: | 12,8 l |
Consumo médio: | 3,6 l/100 km |
Autonomía teórica: | 355 km |
Garantía oficial: | 5 anos |
Importador: | Desmotron Portugal |
Web: | Vogeportugal.pt |
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