Como é que Royal Enfield se tornou na marca que mais vende motos grandes no mundo ?
No início deste ano de 2017 a Índia destronou a China de um longo reinado como o maior produtor de motas do mundo, tendo inclusivamente há já 3 anos alcançado o título do maior mercado doméstico de motos do mundo.
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O mercado doméstico das motos na China decresceu devido a medidas tomadas pelo governo chinês em prol das bicicletas eléctricas tendo mesmo proibido a utilização de motos nos grandes centros urbanos. Resultado o mercado doméstico Indiano subiu em flecha tendo esse crescimento inclusivamente influenciado o mercado global das motos.
As vendas das motos na Índia continuam a crescer, cerca de 6,9% no ano passado e a expectativa é de que assim continue devido sobretudo ao rápido crescimento da população indiana que tem vindo a fluir mais para as zonas urbanas fugindo da pobreza do interior. A India tem o maior crescimento do GDP do que qualquer outro país das suas dimensões. Por outro lado existe um enorme plano de desenvolvimento em termos de construção de novas vias viárias na Índia que está também a fomentar a venda de carros e motos quase como aquilo que aconteceu há cerca de 1 século nos Estados Unidos.
O mercado doméstico na Índia é quase totalmente preenchido por motos e scooters abaixo dos 125cc mas tal como já se pode observar noutros mercados as vendas de motos de cilindrada superior começam também a emergir à medida que o mercado se vai consolidando… e essa realidade começa a suceder na índia.
Cerca de 500.000 motos são vendidas por ano nos Estados Unidos e cerca de 125.000 são vendidas no Reino Unido. Comparativamente com o mercado Indiano no ano fiscal de 2016/2017 foram vendidas 17.59 milhões de motos, ou seja em 3 dias vendem-se mais motos do que no Reino Unido num ano inteiro, ou em 11 dias comparativamente com os Estados Unidos. Esta comparação dá a noção da dimensão do mercado Indiano.
Nove das dez motos mais vendidas na Índia têm cilindradas entre os 100cc e os 125cc e a única moto no top10 com mais de 125cc é precisamente a Royal Enfield 350 Classic.
A Royal Enfield foi a primeira moto a ser vista na Índia em 1895, trazida pelo exército britânico que então colonizava a Índia. Em 1949 tornou-se na moto oficial do exército da Índia e das forças policiais tendo começado a ser produzida localmente a partir de 1955.
Com a falência da empresa britânica a sua subsidiária na Índia tornou-se numa referência de sucesso industrial em todo o país e passou inclusivamente a fazer parte da própria cultura nacional. A Royal Enfield está para a Índia assim como a Harley Davidson está para a América.
Meio século depois a gama de modelos da Royal Enfield continua a basear-se nas cilindradas de 350cc a 500cc, com motores monocilíndricos, dominando totalmente o mercado das motos acima dos 250cc com uma venda mensal de 60.000 unidades. Ou seja de 5 motos vendidas acima dos 180cc 4 são Royal Enfields.
A Bullet foi redesenhada às uns anos atrás e monta agora um motor com caixa totalmente em liga e com injecção electrónica e pode ser adquirido em diferentes tipos de configurações desde uma Café Racer a uma Adventure Tourer, com algumas edições limitadas com pinturas militares.
Entretanto as vendas da Royal Enfield têm vindo a crescer no seu mercado interno também e actualmente superaram as 700.000 unidades nos últimos 12 meses. Em comparação temos a Harley com 250.000 unidades ano, a nível mundial, a KTM com 200.000, a BMW com 150.000 e a Triumph e a Ducati com 50.000 cada. Ou seja todas juntas vendem o mesmo que a Royal Enfield no seu mercado interno.
O mais incrível é que a Royal Enfield continue a crescer e que inclusivamente não tenha capacidade para fazer face à procura de mercado sendo alguns dos seus dealers forçados a dar prazos de entrega superiores a 3 meses. No próximo ano 2017/18 a Royal Enfield prevê que a produção atinja as 900.000 unidades, num esforço de satisfazer a procura.
Em simultâneo assistimos a uma influência brutal da Royal Enfield a moldar o mercado global e vemos todas as outras marcas a apresentarem gamas de motos retro e a passarem a sua produção para a Índia, caso da Peugeot, da Triumph, da BSA, da Husqvarna….
