ABS em motos tem 30 anos
Há cerca de 30 anos que se começou a usar ABS em motos, e a primeira moto a incorporá-lo foi uma BMW. Vamos deitar uma olhadela à evolução dos sistemas anti-bloqueio dos travões.
Parece há uma eternidade, mas foi só por alturas de 1990 que a BMW introduziu os primeiros sistemas de ABS numa moto, como opção, no caso nas K100 tetracilíndricas. Nessa altura, até nos automóveis os sistemas de anti-bloqueio estavam nos seus primórdios, longe da sofisticação atual, o que ajuda a colocar em perspectiva o pioneirismo da marca alemã.
Um dos primeiros problemas que a BMW encontrou foi adaptar a tecnologia vinda das quatro rodas a uma moto. Primeiro, foi adaptar sensores e servos desenhados para automóveis, onde peso e volume não eram assim tão críticos, às dimensões de uma moto. Depois, a ação pulsante nos primeiros sistemas, que recordamos bem, causava uma vibração e trepidação na manete e pedals de travão quando o sistema operava, quase sendo mais assustador a reação do ABS que a possibilidade de bloquear a roda.
Cerca de 1988, os engenheiros da BMW desenvolveram um sistema eletro-hidráulico que usava uma válvula para regular a pressão hidráulica nos travões, e uma esfera sob tensão para impedir o retorno de pressão à manete: isto ajudava a reduzir a vibração na manete: O sistema porém, não era leve e adicionava alguns 15 quilos ao peso total da moto, que já de si não era propriamente ligeira.
Só uns 5 anos mais tarde, em 1993, é que apareceu o ABS de segunda geração, e esse já tinha evoluído consideravelmente. Não só o peso total tinha sido reduzido para cerca de 6,5 Kg, mas novos progressos na eletrónica tinham permitido melhorar a fiabilidade do sistema através de uma melhoria na válvula de regulação. Com tudo isto o sistema operava mais suavemente e era mais rápido a reagir.
O resto, como se costuma dizer, é história, com todos os outros fabricantes a começar a oferecer ABS em pelo menos alguns dos modelos da gama, tipicamente os maiores e mais luxuosos, as grandes turísticas. A BMW ainda teve o pioneirismo de introduzir ABS de origem em toda a sua gama, e já vai na sexta geração do sistema.
Para dar uma ideia da sua evolução, um sistema actual pesa pouco mais de 1 quilo e trabalha impercetivelmente, o seu acionamento dependente de sensores que lêem a rotação das rodas cada poucos centésimos de segundo e decidem, avaliando a diferença de velocidade entre uma e outra, se está a haver blocagem.
E fazem-no a grande velocidade, tipicamente 24 Hertz, ou 24 vezes por segundo. O ABS melhora a distância e segurança de uma travagem não só em condições escorregadias, pisos soltos ou no molhado, mas mesmo em superfícies lisas e secas. Posto simplesmente, o homem, por mais hábil que seja, simplesmente não tem a sensibilidade tátil nem os reflexos para bater o sistema, nem em precisão, nem em velocidade de atuação.
Notavelmente, a Honda introduziu em estreia ABS de competição nas suas desportivas há uns anos, e funcionava espantosamente, como tivemos oportunidade de comprovar, sendo ainda por cima extremamente compacto no espaço que ocupava na moto. A BMW oferece o mesmo da sua S1000RR desde 2015.
Mais recente ainda, é o advento de ABS em curva, que como o nome indica, através de sensores de inclinação que permitem avaliar o ângulo da moto, operam o ABS mesmo em curva.
E agora? Desde 2016 que todas as motos acima de 125 cc comercializadas na Europa tem de vir equipadas com ABS por lei, e os EUA foram a seguir. Uma contribuição considerável para a segurança rodoviária, já que uma grande percentagem de acidentes ou quedas de moto se fica a dever a uso intempestivo dos travões.
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