Villa D’Este: O melhor do Concorso d’Eleganza 2019

By on 3 Junho, 2019

Cada ano desde 1929, veículos raros e clássicos têm alinhado no relvado de Villa d’Este e Villa Erba nas margens do Lago Como, em Itália, para um concurso anual de clássicas. O Concorso d’Eleganza é uma oportunidade magnífica para passear entre clássicas impecáveis enquanto se exibe os trapinhos de domingo.

Em quantidade e valores, o fim de semana é dominado pelos automóveis, mas também há um forte componente de motociclismo – e as motos não são menos desejáveis. O júri é bastante ilustre também, e este ano incluiu o editor de moda da Cosmopolitan, o editor-chefe da revista italiana Motociclismo d’Epoca, Mick Duckworth da revista Classic Bike e o próprio Vintagent, o charmoso Mr. Paul d’Orléans, que esteve recentemente no Lisbon Motorcycle Film Fest também.

Aqui estão as dez motos favoritas do show, começando pela mais antiga.

FN de 1905, 4 cilindros, 362 cc

Participante: Wolfgang Straub (Alemanha) – Menção Honrosa, Classe A

Ver este raro clássico no desfile de motocicletas do Concorso, com os pedais a girar, foi um verdadeiro deleite. A FN (“Fabrique Nationale”) Four foi a primeira tetracilíndrica em linha em produção no mundo, com uma transmissão por veio a transferir a energia do motor de 362 cc para a roda traseira.

Este em particular é um modelo de primeira geração; tem só uma única velocidade, com um travão de tambor traseiro. Não é todos os dias que se vê uma motocicleta de 114 anos de idade em “carne e osso” – muito menos uma que ainda está em andamento.

 

DKW Super Sport 500 de 1929, 2 cilindros, 494 cc

Participante: Zündmagnet Wurzen (Alemanha) – Menção honrosa, classe B

A DKW já foi a maior fabricante de motocicletas do mundo – e a Super Sport 500 era o seu topo de gama. O modelo de 1929 apresentava um bicilíndrico a dois tempos de 494 cc, refrigerado a água, com uma potência de 18 cv e uma velocidade máxima de 120 km/h.

No entanto, não vinha originalmente com sidecar. Algures no seu passado, alguém acrescentou um a esta Super Sport 500 em particular… e fez um excelente trabalho, porque parece que pertence ao conjunto!

 

Koehler-Escoffier 1000 de 1929, 2 cilindros, 980 cc

Participante: Dominique Buisson (França) – Classe B | Best of Show, selecionado pelo júri

O Concorso d’Eleganza é o lugar para quem estiver à procura de motocicletas verdadeiramente obscuras. A Koehler-Escoffier foi fundada em 1912 pelo antigo mecânico da Magnat-Debon, Jules Escoffier, e financiada por Marcel Koehler. A empresa foi comprada pela Monet-Goyon em 1929, e depois desapareceu de vista em 1957.

Conhecida como a “Four Pipes”, esta modelo apresentava um bicilíndrico de 980 cc com distribuição através de uma árvore de cames à cabeça com veio e engrenagem cónica. E suspeitamos que esta possa ser um dos poucos – se não o único – exemplar em existência.

 

Moto Guzzi GTCL de 1938, monocilíndrica, 498 cc

Participante: Gordon de la Mare (GB) – Vencedor da Classe C

Já ouviu falar da GTCL da Moto Guzzi? A “Gran Turismo Corsa Leggera” foi lançada em 1938 como uma atualização para a “Gran Turismo Corsa”, com componentes de liga leve para a tornar mais leve (daí leggera).

Fez a sua estreia em corrida na classe de produção no Circuito del Lario, e em 1939 sofreu novas mudanças para se tornar na mais famosa Moto Guzzi Condor. Como a maioria das motos no Concorso, esta GTCL ainda funciona – e tem um aspeto incrível.

 

Gnome e Rhône X40 de 1942, bicilíndrico, 734 cc

Participante: Pierre Battaile (França) – Participante, Classe E

A Gnome et Rhône era um fabricante de aviões francês. Mas a partir de 1920 até o início dos anos 50, eles também construíram motocicletas, usando projetos que licenciaram da empresa britânica ABC Motorcycles.

A X40, um motor boxer, foi construída em 1939 com um propósito: escoltar o presidente, que foi o que esta unidade em particular realmente fez. Provavelmente teria problemas em acompanhar as brigadas de luz azul de hoje … mas sem dúvida tem ainda uma excelente aparência.

 

BMW R68 de 1953, bicilíndrica, 594 cc

Participante: Hans Keckeisen (Alemanha) – Participante, Classe C | Melhor do Show, voto público

Como principal patrocinador do Concoso d’Eleganza, a BMW tinha vários veículos em exposição, incluindo uma R7, uma R5 e a nova Concept R18. Mas esta R68 clássica era boa demais para passar.

Em 1953, esta BMW R68 foi considerada francamente desportiva, com uma velocidade máxima acima dos 160 Km/h, que lhe granjeou a alcunha de ‘100 Mile Racer’. O assento do passageiro teria sido colocado no mesmo nível do assento do piloto, para que este se pudesse chegar atrás deitado na moto se fosse preciso.

 

Moto Guzzi V7 de 1968, bicilíndrica, 703 cc

Participante: Collezione Stefano Bartolotta (Itália) – Menção honrosa, classe E

O motor V-twin transversal e refrigerado a ar da Moto Guzzi viria a tornar-se numa marca registrada da marca de Mandello del Lario – mas tudo começou com a primeira V7, que foi projetada inicialmente para uso da polícia.

O governo italiano lançou um concurso para uma nova moto de polícia, e a Moto Guzzi ganhou com o design da V7, entregando as primeiras unidades em 1966. Apenas um ano depois, começaram a entregar a V7 “Ambassador” civil aos clientes.

 

Kawasaki Mach III  de 1969, 3 cilindros, 499 cc

Participante: Sofie Verheyden (Bélgica) – Vencedor da Classe D

A menos que se saiba para o que se está a olhar, uma Kawasaki Mach III restaurada de forma clássica parece bem despretensiosa ao lado das desportivas atuais. Mas no passado, a Mach III era conhecida como “Relâmpago azul” e “Fazedora de Viúvas”, dependendo da perspectiva.

O triplo cilíndrico a dois tempos debitava uns 60 cv e chegava a pouco mais de 180 Km/h, mas também oferecia comportamento e travões sofríveis. Ainda assim, vendeu bem nos EUA e entrou para a história como um fator de mudança para a empresa japonesa.

MV Agusta 750 Sport de 1969, 4 cilindros, 743 cc

Participante: Marco Saltini (Itália) – Participante, Classe D

Apesar de estar entre máquinas igualmente desejáveis no evento, esta imaculada 750 Sport era imediatamente cativante. Mesmo sendo cara e supostamente pesadona de pilotar, a 750S continua a ser uma das motos de estrada mais icónicas da marca italiana, uma verdadeira precursora das Superbike japonesas de pouco depois.

Este espécime particular estava em tal condição que parecia ter saído da fábrica na semana anterior.

Gilera 50 Trail de 1972, monocilíndrico, 49,8 cc

Participante: Collezione Zappieri (Itália) – Participante, Classe S

A Exposição Especial de Motociclismo Concorso d’Eleganza deste ano também apresentou motos de 50cc dos anos 60 e 70. Pequenas pérolas da Moto Guzzi, Ducati, Fantic e Morini alinharam na categoria – mas foi este minúsculo foguete vermelho da Gilera, muito apreciado em Portugal também, que roubou o coração do juri.

Como Gilera, a marca é mais famosa pelas suas vitórias em Grand Prix e as informações sobre os seus sucessos fora de estrada são escassas. Tudo o que sabemos sobre esta pequena Trail é que ela foi construída depois da Piaggio ter comprado a empresa e é bonitinha como um rebento.

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