Teste YADEA G5S – Exemplo de mobilidade urbana responsável
O futuro da mobilidade passa pela conversão dos motores a combustão para alternativas mais limpas e respeitadoras do ambiente. Os compromissos globais assumidos na diminuição das emissões de gases de efeito de estufa pressionam o mercado industrial para a necessária redução sendo que no sector da mobilidade vemos proliferar novas marcas, de 2 e 4 rodas, que apostam em antecipação nesse futuro próximo que se avizinha.
Enquanto que as marcas mais tradicionais têm vindo a assumir uns postura mais conservadora, certamente para protegerem os investimentos realizados nas soluções com motores de combustão o certo é que essa inércia tem criado a oportunidade de novas marcas, normalmente provenientes de sectores tecnológicos, encontrarem uma oportunidade de desenvolverem negócio no sector da mobilidade com propostas que utilizam motores elétricos e assim posicionarem-se cara ao futuro.
É o caso da Yadea, um dos fabricantes asiáticos que lideres na produção de motos elétricas, que chega a Portugal através da Lusomotos e que tem este interessante modelo, a Yadea G5S, moto cujas características a classifica como motociclo, com potência semelhante a uma 125cc, modelo que tivemos a oportunidade de testar no MOTO+.
É preciso desligar o chip “gasolina”
Claro que a tendência é sempre de a compararmos directamente com as soluções tradicionais com motor de combustão. No entanto, para sermos rigorosos e realizarmos uma análise criterioso, somos obrigados a esquecer tudo o que aprendemos até aqui e tentarmos ligar-nos a uma outra realidade, com novas referências e novos parâmetros a ter em conta. É como se nos atirassem para uma “ilha deserta” onde não existe nem gasolina nem petróleo e apenas a possibilidade de conseguirmos gerar energia limpa e onde toda a mobilidade estivesse dependente da mesma. Uma ilha onde as distâncias são curtas e onde podemos desfrutar de uma natureza intocada e respirar aquele ar que sentimos nos pulmões quando subimos a uma enorme montanha. Pode parecer utópico mas estes lugares começam a aparecer aqui e ali e a mobilidade elétrica passa a ser adoptada de forma natural.
Habituados a viver numa selva urbana, onde o ruído e o ar poluído fazem parte do nosso dia a dia e envenenam o nosso organismo, o rodar numa Yadea G5S faz-nos pensar que existe um caminho, que existe esperança de criarmos uma sociedade melhor e um ambiente mais saudável para vivermos.
E é com esse espírito de otimismo e de visão de futuro que devemos encarar este processo irreversível de evolução. A nossa alma de “Petrol Heads” está definitivamente condenada ao exílio e as “meninas” que fizeram parte do nosso passado estão cada vez mais a acusar o peso da idade, tal como todos nós, e a ficarem obsoletas e cada vez mais a tornarem-se peças de museu… peças lindas de museu diríamos nós.
Uma Yadea de futuro
E é com essa “Ydeia” de futuro que partimos para uma nova aventura, onde levamos pela mão os ainda pequenos veículos que começam a crescer no nosso tecido urbano e que um dia se vão tornar maiores e liderar as nossas estradas de vida.
A pequena Yadea G5S é assim como uma menina endiabrada que nos puxa pela mão e nos aponta para onde quer ir …para o futuro. Não há volta a dar as “crianças” como todos sabemos, são as que mandam e que nos dia de hoje nos repreendem e nos chamam à razão… “Pai deixaste a torneira aberta, olha a luz acesa, os duches são para se tomarem em 5 minutos ( ou menos )”.
Bem vamos lá então “evoluir” em prol do seu futuro e do futuro da humanidade. E a Yadea já está a dar esse passo pois uma vez que “embarcamos” na sua filosofia de vida percebemos que não há volta atrás e que tudo muito em breve será diferente.
Enquanto o desempenho versus autonomia estiverem condicionados por falta de desenvolvimento tecnológico, as soluções de mobilidade elétrica estão mais direcionadas para uma utilização urbana. No fundo até é onde mais sentido fazem pois são as grandes metrópoles que concentram níveis de poluição mais elevados.
Se a moto já por si é uma alternativa mais prática e poupada em termos de gastos de consumo e manutenção, as versões elétricas elevam a um expoente máximo essa realidade. Carregam-se em casa ou no escritório e em termos de manutenção apenas há que mudar os consumíveis ( pastilhas de travão e pneus, que duram uma “vida” dadas as baixas velocidades a que é suposto circularem em ambiente urbano ) .
Um Look “ Guerra das Estrelas”
Já diz o ditado “ não basta ser, é preciso parecer… ” e se é do futuro que estamos a falar então a G5S carrega uma estética que se identifica de imediato com o viajar por novas galáxias, uma espécie de R2-D2 com duas rodas e que emite um som semelhante ao mesmo ( piscas ). Os fans da série de ficção científica vão certamente ficar fascinados com este modelo.
Não, não vale apena chamar por ela pois não é ainda autónoma nem movida por Inteligência Artificial. Para já, há que seguir o tradicional, chave do tipo keyless ( um modernismo ), e acelerador de punho, como nas suas irmãs de motor de combustão. De imediato somos surpreendidos pela dimensão do painel de 7”, que contém informação numa dimensão igualmente grande mas incompleta. Está o principal, velocidade instantânea, nível das duas baterias ( já lá vamos ) odómetro e amperagem . Com tanto espaço disponível e sendo um veiculo urbano, achamos que informação horária e temperatura seriam exigíveis.
Compensa-nos a possibilidade de optarmos por dois modos de motor, um Modo Eco que limita a velocidade aos 45/50 Kmh e um Modo Power que nos permite atingir os 75/80 kmh. Surpreendeu-nos o facto de ter Cruise Control, que não entendemos o âmbito da sua utilização, pois não se trata de um veículo para rodar em auto-estradas e sim na densidade de transito das grandes cidades. Outra funcionalidade é o facto de podermos emparelhar o nosso smartphone com a G5S e podermos obter informação sobre a mesma através da APP disponível gratuitamente pela marca. ( embora não permita navegação no painel )
A G5S possui um assento confortável, de duas peças, luzes e intermitentes LED ( estes últimos sonoros algo intrusivos quando se trata de privilegiar o silêncio quando rodamos na mesma, tem uma utilização prática que é a de alertar os peões que se atravessam na nossa frente ). Uma questão que nos surpreendeu foi o facto de a G5S não ter espaço debaixo de assento, nem sequer para colocar o carregador. As 2 baterias ocupam dois espaços da pequena scooter, o primeiro precisamente debaixo do assento, e o outro debaixo da plataforma para os pés.
Velocidade versus modo de motor versus autonomia
Este é o ponto que todos questionamos à hora de procurarmos uma solução de mobilidade elétrica “ Qual é a autonomia ? “. A autonomia que figura na Ficha Técnica de um máximo de 115 Km deve ser alcançada em circunstâncias muito especiais, pois na nossa experiência ficámos longe de alcançar a mesma.
O teste que realizámos porém não foi exclusivamente em ambiente urbano, onde o sistema de regeneração de baterias funciona melhor. Aliás aquilo que realizámos foi mesmo um teste que a colocaria face a face com uma moto de motor de combustão ( contradizendo o nosso discurso de introdução …os puristas das elétricas que nos perdoem ).
Na realidade, e embora seja o futuro, o certo é que o utilizador à hora de se decidir por uma opção elétrica vai querer comparar com a alternativa a gasolina. E assim fizemos…. Com as baterias com carga máxima, ambas a 100% e com o carregador na mochila ( não há espaço na moto para o colocar ) fizemo-nos à estrada sempre em modo Power, ou seja de potência máxima e limitada aos 80 Kmh. O percurso que realizámos foi de Cascais até ao centro de Lisboa pela Marginal , sempre dentro do limite dos 70 kmh na mesma e depois a partir de Algés a 50 kmh, até ao Terreiro do Paço em Lisboa.
Perfizemos exactamente 25 Kms e chegámos com uma média, entre as duas baterias, de 54,5 % de bateria ( 56% na primeira e 53% na segunda ). Ou seja, mais 5 Kms num total de 30 Kms, num registo ECO e estaríamos nos 50% de baterias. A volta foi feita por isso sempre em Modo ECO de forma a chegarmos ao ponto de partida sem termos que carregar a moto, tendo chegado com 12% de bateria, num total de 53 Kms realizados.
Em conclusão
O resultado do teste realizado, que admitimos foi de facto bastante extremo em ter,mos de levar a pequena G5S aos limites estabelecidos por uma a combustão, pelo que a autonomia resultou ficar longe da autonomia máxima de 115 Km referida nas especificações técnicas da moto. Aqui há que justificar com a atenuante de que circulámos grande parte do tempo no Modo Power e a uma média de 60/70 Kmh com picos de velocidade a atingir os 80 kmh.
Concluímos que a sua utilização se deve restringir a percursos meramente urbanos para que o desempenho e satisfação em termos de utilização seja máximo. Definitivamente a cidade é a praia da Yadea G5S e aconselhamos que na sua aquisição contemplem de início a montagem de uma Top Case que vos permita guardar o capacete e/ou no mínimo o carregador da moto.
O seu PVP é de 4.890 euros, realidade que continua a penalizar as elétricas face às motos a combustão e está disponível em duas cores, cinza prata ( aversão testada ) e preto.
Gostámos
- Estética
- Equipamento
- Travagem
A melhorar
- Autonomia
- Espaço para bagagem
- Rendimento em subidas
Características técnicas Yadea G5S
Motor Central
Transmissão Correia
Potência max. 4100 W ( aprox. 5,49 CV )
Caixa Variador
Velocidade Max. 80 Kmh
Quadro Aço laminado
Suspensão diant. Telescópica
Suspensão tras. Duplo amortecedor
Travão dianteiro Disco de 220 mm 1 piston e CBS
Travão traseiro Disco de 220 mm 1 piston e CBS
Pneu dianteiro 90/90-12”
Pneu traseiro 100/80-12”
Dist. entre eixos 1290 mm
Altura assento 750 mm
Peso 104 Kg ( baterias incluídas )
Capacidade 2 baterias de 72 V 2 20 Ah
Autonomia max. 110 kms
Cores disponíveis Prata e Preto
Garantia 3 anos
Importador Lusomotos
Contacto tel. 214 722 100
Site Yadea.pt
Galeria de Imagens
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