O mundo das motos custom tem vindo a mudar significativamente nos últimos anos e deixámos de ter apenas disponíveis motos caras e de gamas altas, passando a contar com a aposta de fabricantes japoneses e europeus neste segmento de forma mais forte, em diversas cilindradas. A Kawasaki já o tinha feito em 1985 com a Eliminator, modelo que, entretanto, extinguiu. Mas em 2024 a marca japonesa voltou a apostar no nome de 1985 com a Eliminator 500. E se é verdade que a Vulcan continuava nas fileiras da Kawasaki, os japoneses e os seus clientes pediam sangue novo, tendo em conta toda a concorrência que tem surgido nos últimos anos. Assim, a marca de Akashi fez renascer um nome bem conhecido do passado, com tecnologia do presente, para brindar todos os fãs das motos custom e da marca.

Coração maior, mais cilindrada

A Kawasaki tinhas no seu bloco bicilíndrico da Z400 e Ninja 400 um dos melhores motores do segmento de carta A2, com um motor muito disponível, com boa entrega e extremamente redondo em toda a faixa de rotação, pecando talvez por falta de alma em baixos regimes. Por experiência própria, tendo sido proprietário de uma Ninja 400, posso, com certeza, afirmar que este renovado bloco mantém todas as características do seu antecessor, ganhando valências em todos os departamentos que precisava de evoluir. Agora com 451 cc ao invés de 399 cc, e apesar de ter reduzido a sua potência máxima para 45 cv, contra 49 cv que encontrávamos no bloco anterior, o novo bicilíndrico paralelo da Kawasaki está melhor a todos os níveis. Sentimos efetivamente o incremento de cilindrada, principalmente quando circulamos em cidade e a velocidades mais reduzidas, estando agora o motor mais dócil e capaz de aceitar muito bem mudanças altas e baixas rotações. Isto deve-se não só ao aumento de cilindrada, mas também a um aumento do binário. E apesar de ter perdido potência máxima, a maior disponibilidade permite que o motor se alongue mais em toda a faixa de rotação, permitindo agora explorar toda a potência disponível de forma homogénea até ao limite de rotações.

Uma custom, por isso…

Estamos a falar de um segmento que não é propriamente conhecido pelo seu elevado conforto, mas que tem tendência a proporcionar bons assentos para compensar um pouco a ergonomia e trabalho de suspensões mais débeis. É isso mesmo que acontece com esta Eliminator 500. Quando nos passaram a moto para as mão tinha pouquíssimos quilómetros e estamos já a dar esse desconto, mas a verdade é que percebemos que o duplo amortecedor traseiro nunca terá como ponto forte o conforto, ainda que conseguíssemos perceber que precisava de mais alguns quilómetros para olear de forma devida todos os componentes.  Ainda assim, temos um assento confortável a compensar isso, juntamente com uma boa ergonomia na posição de condução.

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Na dianteira, a suspensão convencional conta com 120mm de curso e trabalha bem as irregularidades, apesar de termos tido sensações semelhantes à traseira, no que diz respeito à necessidade de rodagem da mesma. No departamento da travagem, a Kawasaki equipa esta moto com um disco de 310 mm na frente e um disco de 240 mm na traseira, estando eles bem dimensionados para o que se pretende de um sistema de travagem eficaz, estando a potência totalmente adequada ao conjunto motor/ciclística, oferecendo um bom tato da manete, apesar da mesma não ser ajustável. Escusado será dizer que esta moto não está pensada para ritmos elevados, mas sim para passeios relaxados, ainda que consigamos apertar um pouco mais o ritmo com a Eliminator 500, sabendo sempre que os pousa-pés vão sofrer bastante e a posição de condução não é a melhor para ritmos elevados.

Simples e eficaz

A Eliminator de 2024 em pouco ou nada se assemelha à moto que viveu nos anos 80’, ainda assim, mantém o ADN de moto custom que oferece o essencial, de forma simples e eficaz. O renovado bloco bicilíndrico está mais homogéneo e disponível, a ciclística cumpre em todos os departamentos e com um preço desde 6.890€, a Eliminator 500 procura encontrar todos os fãs do segmento que não tencionam gastar uma fortuna para ter uma moto custom na garagem, sem comprometerem a qualidade e fiabilidade. Esta moto pode não se destacar em nenhum aspeto particular, mas também não há nenhum ponto em que peque de uma forma que nos faça duvidar das suas capacidades. E num mercado com cada vez mais oferta, a concorrência entre marcas é muito importante, sendo por isso bom ver a Kawasaki apostar num segmento que tinha deixado praticamente ao abandono nos últimos anos.