A Moto Elétrica: Vantagens e Evolução

By on 12 Janeiro, 2023

Se à pressão do contexto das Alterações Climáticas e consequente preocupação global sobre aumento dos fenómenos climáticos extremos, juntarmos a diminuição progressiva dos recursos naturais e dos combustíveis fósseis e a evolução da electrónica no mundo da condução vemos que a mobilidade elétrica tem vindo a afirmar-se como uma das soluções mais práticas para mitigar este problema. A previsão é de que para 2040, no sector das duas rodas, venha a estar proibida de venda de motos novas com motores a gasolina ( com excepção de eventuais modelos híbridos ) pelo que a chegada das motos elétricas ao mercado será uma realidade incontornável e de crescimento exponencial.

De facto as motos elétricas tem cada vez mais utilizadores com quotas de mercado que superam os 5% a nível europeu.

A razão principal é simples: as motos representam hoje em dia um interessante segmento de negócio das indústrias electrónicas e em muitas empresas comerciais e de distribuição devido à eficiência e à crescente procura deste veículos. Muitos utilizadores estão plenamente convencidos que a compra de veículos de duas rodas movidos a electricidade representam uma aposta infalível de lazer, realidade que se tem vindo a refletir, em paralelo com as bicicletas elétricas, também no aumento da sua utilização em caminhos e em mototurismo.

As perspectivas para 2023 são de crescimento das vendas das motos elétricas sendo que as projecções apontam para que daqui a 10 anos quase toda a população  urbana utilizará veículos de duas rodas movidos a electricidade.

Vantagens da moto elétrica

Uma moto elétrica tal como o nome indica é movida por um motor elétrico em vez de um motor de combustão a gasolina, montando na sua estrutura uma bateria recarregável, ( começam a existir nos grandes centros urbanos locais de swop, de substituição de baterias ex: da estação da Gogoro ), que transmite a potência do motor quase sempre à roda traseira.

As principais vantagens da moto elétrica sobre as de motor a gasolina são:

  • Condução mais silenciosa: Sem qualquer duvida que emissão sonora é muito inferior à de uma moto de motor de combustão sendo uma vantagem que requer algo de habituação pois a maioria dos motociclistas prefere, certamente  por hábito adquirido durante décadas, as motos com motor térmico. O certo é que as motos elétricas proporcionam uma redução drástica da contaminação acústicas sobretudo nas grandes cidades onde existe maior densidade de transito.
  • Velocidade máxima e binário: Em termos de rendimento e desempenho as motos elétricas não estão muito longe das suas irmãs a combustão, chegando a superar as mesmas no que diz respeito a binário que se traduz numa resposta muito mais evidente desde os baixos regimes. Os modelos de gama alta chegam mesmo a atingir velocidades máximas comparáveis com as das motos mais potentes a gasolina, agradando a aqueles que são fãs das altas velocidades ou circulam por alguma razão com pressa pelas ruas da cidade.
  • Carregamento simples e em pouco tempo: A autonomia tem sido de alguma forma o calcanhar de aquiles das motos face por exemplo aos carros que já garantem trajectos em viagem de algumas centenas de quilómetros.  Pela sua menor dimensão e peso que se pretende contido as mesmas não montam baterias de grande dimensão pelo que são penalizadas na sua autonomia. No entanto numa utilização urbana, para a qual estão especialmente pensadas,  essa limitação não se coloca. Inclusivamente sendo a bateria de menor dimensão o tempo de carga é logicamente inferior o que acaba por ser uma vantagem.
  • Baterias extraíveis: Normalmente as motos e scooter montam um sistema de baterias extraíveis que podem ser facilmente retiradas para serem carregadas em casa ou no escritório ou simplesmente substituídas por outras. Existem novos protocolos assinados pelas mais importantes marcas de motos do mercado no sentido de criar um standard de baterias para que as mesmas possam ser intermutáveis independentemente da marca ou modelo.  O carregamento processa-se numa tomada normal podendo realizar-se em qualquer lugar que se tenha acesso à rede de elétrica.
  • Manutenção: As motos elétricas, tal como os automóveis, requerem muito menos manutenção que as motos a gasolina, reduzindo assim os seus custos de funcionamento. No entanto os seus preços ainda elevados, face às suas homólogas a gasolina, faz com que a sua venda seja ainda residual, realidade que acaba por ser também penalizada pelos prémios altos das seguradoras.
  • Amigas do meio ambiente: aqueles que se movem num veículo movido a electricidade estão logicamente a contribuir para a maior preservação do meio ambiente e para melhorar a qualidade do ar e por conseguinte a saúde da sua comunidade.
  • Preço de venda : O investimento de numa moto elétrica tem que ser entendido de forma distinta daquela com que até agora nos fazia adquirir uma moto a gasolina. Se vives na cidade e és sensível à poluição sonora e à degradação do ar que respiras certamente que a opção de adquirires uma moto elétrica começará a fazer muito sentido. Silêncio, rapidez à saída dos semáforos, consumos ridículos, facilidade nos carregamentos, custos de manutenção baixíssimos… justificarão certamente o custo algo mais alto na aquisição de uma moto elétrica.
  • Limitações no curto médio prazo: Nas grandes cidades europeias vemos as autoridades a começarem a impor restrições à circulação de veículos a gasolina. Madrid em Espanha é um exemplo dessa realidade onde no centro histórico é proibido circular com viaturas a gasóleo e a gasolina de anos inferiores a um determinado limite que tem a ver com o ano da sua homologação e de acordo com as normas anti-poluição instituídas no mesmo ( Os automóveis por exemplo já vão no Euro 6 sendo que em 2024 se aplicará a Euro 7, enquanto as motos ainda se regem pelo Euro 5 ).

Conclusão

Apesar de todas as marcas estarem conscientes de que a evolução para a motorização elétrica é incontornável vemos que as marcas tradicionais das motos a gasolina mantêm uma postura contida face à mudança que se avizinha. O mercado e os utilizadores em geral, sobretudo nas motos, mantém-se fiel às soluções tradicionais com motores térmicos, certamente pela pouca oferta de modelos das marcas tradicionais, pela autonomia reduzida dos modelos elétricos existentes e também por uma resistência natural de décadas a rodar em motos a gasolina onde o ruído do motor joga um papel fundamental naquilo que são as emoções que se sentem ao pilotar uma moto.

A oferta actualmente existente no mercado provém maioritariamente de novas empresas tecnológicas que viram nas novas formas de mobilidade uma excelente oportunidade de negócio. Por isso prolifera o aparecimento de novas marcas sendo que as motos elétricas, pela pouca manutenção que necessitam, não estão dependentes dos tradicionais concessionários de marca que asseguram o serviço de assistência de qualidade, realidade que o utilizador considera como relevante na compra de uma moto a gasolina. 

Num futuro próximo veremos aparecer novos modelos mais evoluídos tecnologicamente, com maior autonomia e processos de carga mais rápidos e as grandes marcas a lançarem gamas completas de modelos para diferentes utilizações. A realidade que actualmente vemos de uma utilização maioritariamente urbana das motos elétricas irá rapidamente alterar-se com a entrada em força das marcas que tradicionalmente lideram o mercado. 

Para tal contribuirá certamente o desenvolvimento de novas infraestruturas que permitam o carregamento em qualquer lugar e a qualquer momento, tanto no casco urbano como na necessidade de realizar trajectos mais longos. A crescimento da oferta e da dimensão do mercado fará também com que os preços desçam e os incentivos financeiros colocados pelas entidades públicas poderão ainda mais incentivar a uma mudança mais rápida.

Mais do que certo, o futuro das duas rodas passará na próxima década pela adopção de motores elétricos e pelo aparecimento de novos  modelos com desempenho idêntico ou superior aos actuais a gasolina.  

Em 2035 as novas gerações deixarão de ter memória do cheiro da própria gasolina.

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