Mobilidade Urbana – Um conceito em evolução
Paris, Roma, Barcelona, Madrid, Florença, Milão… e Lisboa. As scooters vieram tornar-se parte das nossas cidades, e par e passo mudar o conceito de mobilidade individual no ambiente urbano. São cada vez mais os que deixam o carro em casa, ao descobrir as inegáveis vantagens de uma scooter em relação aos automóveis ou mesmo aos transportes públicos algo erráticos.
As scooters foram autênticas precursoras de uma mudança de paradigma que viria depois abarcar as bicicletas municipais, trotinetes, segways, skates e outros, potenciada também pela revolução digital, com numerosos Apps a porem ao alcance do transeunte médio formas até então inéditas de obter transporte para uma deslocação pontual dentro do tecido urbano.
Em Portugal, a revolução a sério começou em 2009, com a entrada em vigor da Lei n.º 78/2009, de 13 de Agosto, que diz que “os titulares de carta de condução válida para veículos da categoria B (automóveis ligeiros) consideram-se também habilitados para a condução de motociclos de cilindrada não superior a 125 cm3 e de potência máxima até 11 KW (categoria A1), desde que tenham idade igual ou superior a 25 anos ou sejam titulares de habilitação legal válida para a condução de ciclomotores”.(sic)
De repente, estavam abertas as portas para uma expansão exponencial do mercado, que é óbvia a qualquer um que ande nos centros das principais cidades, onde zonas de estacionamento tiveram de ser adicionadas à pressa para minimizar a invasão dos passeios, que mesmo assim ainda é uma realidade em muitas zonas. Feitas as contas, o ganho em tempo e dinheiro contra alguma exposição aos elementos nos meses mais invernais é avassalador.
Mais, numa segunda fase, como seria de prever, uma boa percentagem dos que aderiram por via da carta de carro descobriram que queriam ir mais além, e ascenderam em cilindrada, configurando a expansão do mais importante setor do mercado nacional. A oferta decuplicou, incluindo tudo desde as japonesas e europeias, mais sofisticadas mas com preços mais elevados, às marcas já estabelecidas de alguns países asiáticos, como Taiwan e a Coreia, a uma verdadeira invasão que compõe a faixa mais baixa do mercado de chinesas de marcas algo desconhecidas (para nós) mas que por vezes já apresentam qualidade surpreendente nas suas propostas.
Há scooters a gasolina, de 50cc a 850cc, elétricas, de duas, três a quatro rodas, dando uma variedade por vezes estonteante de opções, com as quais nos devemos familiarizar antes de toar uma decisão de compra. Os argumentos a favor da sua utilização são fortes e cada vez mais pertinentes. Se tomarmos o percurso típico dos arredores para o centro urbano, uma scooter pode fazê-lo talvez em um terço do tempo de um carro, a metade do custo, acrescendo ainda a inegável conveniência de estacionar à porta gratuitamente.
As scooters têm um preço acessível de aquisição e manutenção e seguro barato, (sendo muitas vezes o custo total de utilização passível de rentabilização após os primeiros dois anos de uso) e no caso das 125, desvalorização mínima, já que num mercado em crescimento, unidades usadas à venda são raras e a procura mantém-se em alta. Adicione-se uma normalmente boa capacidade de bagagem, que se contrapõe à necessidade de andar com fatos de chuva, botas ou outra proteção, e a possibilidade de utilização aos fins-de-semana, e temos os ingredientes que massificaram a aceitação desta forma de transporte.
A expansão do segmento veio trazer, é certo, alguns problemas: além da já referida invasão dos passeio até as Câmaras Municipais acordarem (mas em nome do politicamente correto construíram parques de bicicletas antecipadamente, quase sem utilizadores, porque será?) seria lógico esperar um aumento da sinistralidade ligada às duas rodas.
Se o condutor típico tem um perfil que já evidencia normalmente alguma maturidade, evitando os excesso próprios da juventude, que ajudavam a empolar as estatísticas no tempo dos ciclomotores, por outro lado também dificilmente se vê como um motociclista e pode, por isso, estar vulnerável até adquirir alguma desenvoltura no trânsito.
Ao todo, no entanto, o aumento da sinistralidade não acompanhou percentualmente o crescimento do segmento, bem pelo contrário, pese embora o que tentam afirmar alguns órgão diários mais dados ao escândalo que à verdade. A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), divulgou um aumento de 12,5% nos acidentes em relação a 2016, mas o mercado das scooters terá aumentado mais de 27%, ou seja, na verdade houve uma diminuição percentual.
Uma coisa é certa, Portugal está finalmente a acompanhar as maiores cidades (do sul) da Europa, como Barcelona, Milão, Paris, Roma, Madrid e as scooters proliferam também no nosso meio urbano, fundamentalmente em Lisboa e no Porto. As vantagens de parar à porta da loja ou do emprego, enfiar pelo trânsito nas horas de ponta e ainda poupar dinheiro são inegáveis!
Quanto ao mercado, a oferta é variada e numerosa, com modelos cada vez mais atraentes, de todas as cilindradas e para todos os bolsos, à disposição, pelo que a única certeza é que as scooters vieram para ficar nas nossas cidades!
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